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Semana passada fomos participar da missa especial que a escola preparou para a turma do meu filho mais velho. Chegamos na sala onde a celebração aconteceria, nos acomodamos e estava tudo tranquilo. Chegou o celebrante, os responsáveis por dinamizar a celebração, ritos iniciais e, de repente minha filha, aquela criança doce e calma, que todos comentam que parece não saber chorar, começa a chorar a plenos pulmões.
Aí veio a dúvida: O que fazer quando uma criança chora na missa?
Para não atrapalhar a celebração, acabei saindo da sala e acompanhei a celebração inteira no corredor da escola, pois a cada vez que me encaminhava em direção a porta da sala, o choro recomeçava.
Como é difícil participar das celebrações com crianças menores de dois anos.
Por diversas vezes, pensei em deixar de ir à missa até que as crianças ficarem maiores. É um verdadeiro desafio participar da celebração com uma criança chorando, querendo brincar ou ainda querendo ir para casa.
Muitas famílias, quando tem seus filhos pequenos, acabam deixando de participar da missa ou ainda o casal acaba participando em separado, um vai em uma missa enquanto o outro fica com as crianças em casa e depois inverte.
No entanto, como nossas crianças vão aprender a importância de celebrar a Eucaristia se nós as impedimos de participar desse momento?
O Papa Francisco certa vez afirmou que “o choro da Criança é a voz de Deus”. O Papa Francisco ainda falou que “quando alguém se sente incomodado ao ver uma criança chorando na igreja e pede para que a criança seja retirada está apagando a voz de Deus”, segundo Francisco o choro da Criança é a melhor pregação.
As crianças choram fazem barulho em todos os lugares, mas não podemos negar-lhes o direito de serem crianças na casa do Pai, pois o próprio Cristo disse: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas“. (19:14)
As crianças aprendem com os exemplos, elas aprendem a se alimentar vendo os adultos se alimentarem, aprendem a caminhar vendo os adultos caminharem. Como é que elas aprenderão a ser bons cristãos se as escondemos das coisas de Deus?
Rememorando as diversas missas que participei com meus filhos, lembrei-me do dia em que estávamos na missa e nosso filho, único na época, no alto de seus 3 para 4 anos, no momento da Consagração ajoelhou-se e adorou o Cristo presente na Sagrada Eucaristia. Porque ele fez isso? Porque ele participava conosco das celebrações, porque ele viu diversas vezes que aquele momento era especial, porque ele ia a missa em família.
É assim que a criança aprende, é assim que a criança se torna um bom cristão. Se deixarmos de levá-los para participar das celebrações, para participar da Comunidade, para participar da Igreja, nós estamos negando-lhe a possibilidade de aprender o quão importante é ser Igreja, o quão bom é viver em comunidade e quão maravilhoso é Celebrar o Cristo.
Lembro-me ainda de um fato de quando aconteceram as Missões Redentoristas na comunidade onde morávamos. Em um dos encontros durante as missões, estava lá eu, ao fundo da Igreja, com o Davi no colo, na época com pouco mais de um ano, tentando contê-lo para evitar que ele chamasse muita atenção e atrapalhasse os demais presentes.
Eis que o padre missionário que estava fazendo a sua pregação, para a pregação, olha-me no fundo dos olhos e me diz: “Largue o Davi! Deixe o Davi!” E assim eu fiz. Durante o restante da pregação o Davi ficou próximo do sacerdote, vez ou outra caminhava até algum conhecido, depois voltava ao Altar, enfim, ficou à vontade, enquanto nós continuávamos ouvindo e meditando a pregação.
Às vezes é isso que nós falta. Tentamos tanto segurar nossas crianças que acabamos não vivenciando o momento e nem permitindo que elas consigam vivenciar ao seu modo.
Então vamos deixar as crianças irem ao Cristo como ele nos pediu.
Talvez na missa da semana passada eu também devesse ter deixado a Ana ser criança. Tentarei na próxima lembrar do pedido de Cristo: “Deixem vir a mim as crianças”.